(por Richard Paul Dunner)
Voltando a pedalar regularmente em 2003, já com um pouco mais de idade e menos folego, cheguei a conclusão que tinha que aproveitar melhor o material a disposição e melhorar a minha técnica de pedalar para poder acompanhar os mais jovens.
Fiquei mais incentivado ainda depois de ler que Lance Armstrong (apelidado de “o senhor milímetro” devido ao seu perfeccionismo) melhorou a sua técnica de pedalar de tal forma que, comparando ao inicio e ao fim de sua carreira, ele havia melhorado o aproveitamento em 25 %.
Todo mundo sempre me falou que, com os pedais de encaixe, podia-se aproveitar muito melhor a força na pedalada e que “lógico” que o pedal permitia a “puxada” enquanto se pedalava.
Olhando para a minha técnica durante os treinos observei que eu nunca “puxo” e que somente “empurro” o pedal e comecei a pensar que tinha que melhorar muito a minha técnica de pedalar.
Para desmistificar o assunto fui buscar literatura, encontrando em uma primeira instancia o artigo de Cleber Anderson sobre a maneira mais eficiente de pedalar. O artigo pode ser lido no site da Anderson Bicicletas (http://www.andersonbicicletas.com.br) ou na edição n°40 da revista Bike Action (http://www.revistabikeaction.com.br).
Aproveitando o gráfico do artigo de Cleber, o ciclo básico durante a pedalada é definido da forma seguinte:
chute – (empurre / 315 a 45° / dez e meia a uma e meia)
compressão – (tração / 45 a 135° / uma e meia a quatro e meia)
retorno – (glissada / 135 a 225° / quatro e meia a sete e meia)
puxada – (ponto morto traseiro / 225 a 315° / sete e meia a dez e meia)
O artigo de Cleber é mais técnico, e querendo descobrir como a teoria foi aplicada na prática fui buscar testes.
Assim, cheguei a uma publicação sobre o mesmo assunto no site Radsport-Aktiv alemão, onde pode-se achar o artigo: Der runde Tritt – Mythos und Erfolgsgeheimnis, ou traduzido “O mito da pedalada redonda” sob o link:
http://www.radsport-aktiv.de/technik/technikbericht_403.php
Em soma o artigo chega aos seguintes resultados depois de testar 8 ciclistas de pista alemães de ponta:
1. Pedalada de torque uniforme
Partindo do ideal básico pedalada redonda = pedalada de torque uniforme durante uma volta completa de 360 graus, ou seja, que a força tangencial aplicada na direção da movimentação dos pedais fosse igual durante uma volta completa, chegou-se a conclusão que este torque uniforme não existe. Resumindo, a pedalada “redonda” ou “perfeita” não existe.
2. Puxada de pedal
Outro resultado interessante foi a famosa puxada de pedal. Somente 1 dos 8 ciclistas puxava (na fase da puxada) o pedal. Olhando para cada perna individualmente, aparentemente os ciclistas levantam a perna inativa com a força da perna do lado oposto em fase de compressão, jogando desta forma força fora.
Adicionando as duas pernas em movimento o resultado continuava irregular. Mesmo adicionando a força das duas pernas dos ciclistas nas fases de “chute” e “retorno”, a soma chegava somente a um terço do torque com uma perna na fase de “compressão”.
Veja para isto os gráficos no link http://www.radsport-aktiv.de/technik/technikbericht_403.php
3. Conclusões
Com os resultados dos testes chegou-se a importantes conclusões:
a. Não adianta aumentar a força na “puxada” pois resulta em uma maior irregularidade ou uma pedalada mais “travada”.
b. Os pontos fracos da pedalada são as fases do “retorno” e “chute”, quando aparecem forças horizontais ao solo.
c. A maior parte dos ciclistas consegue aproveitar melhor a sua força na fase do “retorno” do que durante a fase do “chute”, onde o pedal tem que ser elevado e empurrado para o ponto morto superior.
d. Segundo as conclusões do estudo, é no “chute” e no “retorno” que existe um grande potencial.
Comentários finais
Testes feitos pelos ingleses também mostraram que a chamada “puxada” na fase da puxada é ineficiente simplesmente pelo fato de ter que movimentar a perna com todo o seu peso (aproximadamente 20 a 25 kg) contra a força de gravidade.
Isto significa que é melhor concentrar-se na fase da compressão e do retorno. Quando uma perna entra na fase mais fraca da puxada, a outra está entrando na fase mais forte da compressão. Importante é como conseguimos aproveitar a fase do retorno continuando o movimento da forma mais fluida possivel depois da compressão.
Podemos achar exercícios e dicas de como melhorar a pedalada no artigo do Cleber Anderson no link acima.
Abraços a todos e bom pedal
**para entrar em contato com o Richard Dunner, escreva para rdunner@uol.com.br.
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Vejam o artigo anexo.
A confirmação independente do resultado do teste alemão:
http://www.praquempedala.com.br/blog/o-mito-de-puxar-e-empurrar-o-pedal/#.U6wMS5nNjcs
Mais uma confirmação do artigo, vejam o artigo anexo,. http://www.praquempedala.com.br/blog/video-equipe-profissional-mostra-forma-mais-eficiente-de-se-pedalar/
Em outras palavras a famosa “puxada” na subida é ineficiente.
Creio eu que o mínimo de força aplicado no pedal, seja ele na hora de empurrar ou puxar no caso faz diferença pode ser mínima mas que faz, isso faz! e creio também que não temos que pensar na pedalada como puxar e sim realizar o movimento de giro o mais constante e sincronizado possível, e nas subidas pedalando em pé, queria ver um especialista que estudou durante 10 provar que não ajuda! penso eu que no ciclismo toda força e aerodinamica, que possa ser aplicada ajudara, mesmo que seja o mínimo possível, mesmo que a melhora seja de 1 segundo em um km, sendo assim em 60km vc chegara 1min na frente!
perfeito, sou ciclista a 25 anos e mestra em bio mecânica e cinesiologia. os artigos estão em perfeita ordem com a ciência.
o assunto é extenso e cabe uma palestra sobre isso,
Obrigado pelos comentários Marcella, a idéia é dar uma dica inicial, e claro que todos devem procurar um profissional para orientação mais detalhada. Abraço. Rogério