Relato – Brevet 300 (organizadores) – Holambra – 01/06/12 – Fabio Guariglia

Sexta feira, 1º de junho, o dia começou cedo. Coloquei o despertador para as 2:00hs já que estávamos com previsão de saída às 3:30hs. Pedalaríamos a prova do organizador eu, Dennys Corbo, Daniel Labadia e Richard Dunner. Ficamos hospedados no Holambra Garden, nosso parceiro desde 2010 quando ainda organizávamos BRMs pelo AudaxBrasil. Em um quarto, eu e Dennys. No outro, Richard e Daniel.
2:01hs e já estávamos de pé. Novamente todo o ritual pré brevet conhecido por todos os randonneurs. A previsão do clima informada pelos sites de metereologia indicava chuva durante o dia inteiro, porém, o clima estava levemente agradável na madrugada, algo por volta dos 17°, céu com algumas estrelas. Com isso, decidi não levar muda de roupa extra, apenas a roupa do corpo (segunda pele, camiseta, manguito e a bermuda) e também a capa de chuva. Além disso, levava em meu alforje todas as ferramentas necessárias para a bike, o santo pneu reserva que esqueci no brevet 200 de Campos, e também meus cartões de crédito. Este último item foi verificado mais de 1 vez, visto o também esquecimento durante o brevet 200 de Campos.
Vestidos, equipados, bikes verificadas. Nada esquecido! Descemos até o quarto onde estavam o Daniel e o Richard para tomarmos café da manhã. A esta hora, o café da manhã do hotel não poderia ser servido. Cada um comprou alguma coisa e com isso tínhamos bastante coisas para o café.
Bem alimentados, descemos, zeramos nossos computadores e largamos às 3:35hs. Uma sensação maravilhosa por poder estar ali com os amigos pedalando e tentando novamente fechar os 300. Talvez esta sensação somente nós, ciclistas de longa distância, conheçamos.
A minha primeira tentativa dos 300, em Brasília durante o calendário 2010, acabou com 246kms devido a uma lesão no joelho esquerdo. Na ocasião, estava com a speed, 53×39 na frente, 23×11 atrás. Hoje em minha speed tenho compact na frente 50×34, e um cassete 28×11 atrás. Mesmo assim, decidi pedalar este 300 com a MTB.
Em meu planejamento, considerei média geral de 17km/h. Com isso deveria fechar o brevet com aproximadamente 17 horas e 42 minutos, por volta das 21:17hs.
O primeiro trecho, com 48,6Kms possuía uma altimetria relativamente tranqüila. Com isso, giramos em uma média superior ao que eu estava esperando. Como estava me sentindo extremamente bem, segui o ritmo do Daniel e do Richard. Num determinado momento o Dennys me perguntou se este seria o ritmo durante o brevet. Disse a ele que não, que em breve o ritmo cairia. Cruzamos a SP-107 e passamos por Arthur Nogueira. No acesso para a SP-332 encontramos um guard rail recém instalado que impedia o acesso, devendo o acesso ser feito pela rotatória da avenida paralela. Passamos pelo guard rail e pegamos todas as informações para o briefing do dia seguinte. Seguimos na SP-332 em um bom ritmo. Nós quatro utilizávamos faróis do site DEALEXTREME, todos superiores a 300 lumens. Como estávamos andando juntos, apesar da noite escura a estrada estava muito bem iluminada. Chegamos ao acesso da SP-147 com 25,31Kms pedalados. Continuamos em um ritmo forte. Um pouco antes de chegarmos ao acesso para a Anhanguera, mais uma vez o Dennys comentou sobre nosso ritmo, que estava muito forte para um inicio de brevet. Realmente ele tinha toda a razão e com isso diminuímos nosso ritmo. Daniel e Richard continuaram e em minutos desapareceram do alcance de nossa visão. Acertamos o ritmo, acessamos a Anhanguera e chegamos ao PC1, com 48,6Kms pedalados por volta das 5:45hs, ainda escuro. Entramos no restaurante na expectativa de encontrarmos o Richard e o Daniel. Como não os vimos e os atendentes do restaurante também não, concluímos que deixariam para parar mais a frente.
Parada rápida, comi um pão de queijo, tomei um mate e um gatorade. Abastecemos as caramanholas e saímos por volta das 6:00hs. Com o corpo frio, sofri na saída do PC1 e decidi apertar um pouco o ritmo até esquentar novamente. O polar marcava 16° neste momento e a claridade do dia já começava a aparecer. Tempo encoberto mas sem indicar chuva. Girados uns 5, 10Kms, percebi que o Dennys ficava um pouco para trás nas descidas e se aproximava menos a cada subida. Costumo aproveitar o máximo que posso as descidas e com isso entrar embalado nas subidas. Com isso, sem perceber, havia retornado a pedalar em um ritmo mais forte. Em minha cabeça até passava a possibilidade de voltar a girar junto ao Richard e ao Daniel. Estava me sentindo muito bem, bem alimentado e hidratado. Durante um certo intervalo de tempo, bebia glicodry que levava em uma das caramanholas. Neste ritmo vim girando até por volta do Km 90, enfrentando trechos de forte nevoeiro. Neste momento desencanei totalmente de tentar girar com o Richard e com o Daniel, reduzi o ritmo novamente e então me dei conta de que minhas pernas estavam levemente cansadas a mais do que o esperado para aquele momento. Pensei comigo: “Acho que fiz cagada. O Dennys tinha razão”. Por volta do KM 100, para minha surpresa, ao olhar para trás, avisto o Daniel o Richard vindo. Eles haviam parado por volta de 15Kms a frente do PC1. Sem me dar conta, já havia os passado. Nos juntamos, conversamos um pouco e eles voltaram a imprimir ritmo forte. Tentei acompanhar mas faltou perna. Pensei de novo: ”Cagada, cagada e cagada”. Com 105 Kms, decidi dar uma paradinha rápida, comer um carboidrato que levava comigo, hidratar e alongar. Com isso, chegou o Denis e também parou para uma alongada rápida. Neste momento disse a ele que realmente tinha sido uma cagada imprimir um ritmo tão forte no início. Montamos nas bikes e seguimos. Decidi levar os Kms restantes até o PC2 num ritmo bem tranqüilo para recuperar. O Dennys abriu grande distância de acabou saindo de meu campo de visão. Cheguei ao PC2 por volta de 9:25. Richard, Daniel e Dennys ainda estavam por lá. 124,6Kms em 5:50hs, média de 21.36Km/h. Pra mim, um ritmo forte. Ao descer da bike comprovei que este ritmo tinha sido realmente muito forte pra mim. As pernas estavam queimando e doendo. Parecia que tinha brasas dentro da bermuda, nunca havia sentido isso, sem falar na dor. Fiquei muito preocupado.
Havia planejado para este PC fazer uma refeição mais completa, mas esqueci de verificar durante a elaboração de meu planejamento as condições do PC. Em minha cabeça, este posto era bem equipado. Engano total! Lá havia somente salgados, bolachas e afins. Bem, não havia o que fazer a não ser me virar com o que se apresentava para o momento. Comprei 1 litro de água de coco, 1 gatorade, 2 pães de queijo tamanho família e um pacote de biscoito tipo creamcraker. Sentei em um banco em frente ao posto, comi e estiquei as pernas que continuavam a queimar e doer. Então, resovi tomar 2 dorflex. Além disso, o Dennys levava consigo pomada de arnica. Empastelei as coxas com a pomada e fiz uma boa massagem. 10 minutos depois a queimação e a dor diminuíram bastante. Richard, Daniel e Dennys seguiram, eu resolvi segurar mais um pouco. Fui ao banheiro, tomei um banho tcheco na pia, dei uma boa reforçada na aplicação de CHAMOIS (obrigado Richard!!!), abasteci as caramanholas e sai para o trecho de 51Kms entre PC2 e PC3, muito chato diga-se de passagem.
Trecho curto de Anhanguera até o acesso a SP-215. Já na primeira subida desta estrada, senti que as pernas já não eram mais as mesmas. Pelo menos não havia mais dor nem queimação. Sabia que se não dosasse a partir dali, o brevet estava perdido. Para ajudar, na SP-215, ou você sobe ou você desce. Praticamente não há trechos planos. Este trajeto foi extremamente monótono, estrada de pouco movimento, sem postos, apenas lavouras de cana e algumas profissionais do sexo pelo acostamento. Em determinado momento, achei que seria interessante pegar um pedaço de cana de uma grande lavoura do trecho para ir mastigando. Deixei a idéia de lado ao imaginar alguém com uma espingarda, ou um rotweiller do outro lado da cerca. Mais pra frente, ao avistar uma profissional toda de branco, imaginei que se fosse uma fisioterapeuta, pararia para uma massagem nas pernas e nas costas, que também me incomodavam levemente. Fiquei imaginando a cena, vista por um motorista passando na estrada. Um ciclista sendo massageado (sem malicia alguma) por uma profissional do sexo no acostamento (hahahaha). Assim, tive a idéia de disponibilizar para os 400 uma equipe de massagistas em algum PC, para os ciclistas que necessitarem de uma massagem ou um alongamento, pago a parte por cada ciclista. É uma idéia que vou propor ao Rogério. Depois dessas viagens, de ser alvejado por uma garruxa, ou mordido por um rothwailler ou ter uma equipe de fisioterapia na beira da estrada, passei a fazer contas de médias horárias e horários previstos para fechar o 300.
Ao avistar uma placa indicando 1,5Km para o pronto socorro de Casa Branca, sabia que estava próximo ao PC3. Já não tinha mais água e nem glicodry. Uma rápida parada para atender uma ligação do trabalho e logo estava na primeira rotatória do PC3. Prestei bem atenção para não me confundir. Imagine só um dos organizadores perdido…. . Contornei a primeira rotatória, passei por debaixo da SP-340 e a acessei sentido Casa Branca. Entrei na segunda rotatória, contornei e logo estava entrando no PC3.
Neste PC precisaria obrigatoriamente fazer uma refeição mais completa. Das opções disponíveis, optei por arroz, feijão e mandioca. Mesmo estando meio enjoado e sem fome, empurrei aquela gororoba guela abaixo, sem deixar nada no prato. Estava precisando muito de uma refeição mais pesada. Tomei duas cocas e 1 gatorade. Então, decidi deitar um pouco para um cochilo de 30 minutos. Não me lembro que horas eram, mas estava com tempo suficiente.
Ao sair do restaurante para poder deitar, vejo um ciclista passando. Era o Daniel. Assobiei e ele entrou no posto. Estava transtornado, perguntando se ali era o PC3. Estava perdido, me disse que ali não era o Km 237, que era o Km 240, que havia falado com um policial na outra estrada, etc… . Resumindo, era falta de coca cola. Ao tomar uma coca, passou a falar coisa com coisa, hehehehe. Explicou que se confundiu na saída da SP-215 e acabou perdendo bastante tempo tentando se localizar, além de um pneu furado neste trecho.
Combinamos de sairmos juntos do PC3. Enquanto o Daniel iria comer, aproveitaria para descansar uns 20 minutos com as pernas pra cima. Consegui tirar um cochilo leve, o que muito me ajudou.
Daniel alimentado, eu descansado. Saímos e giramos juntos por pouquíssimo tempo pois o Daniel saiu queimando o chão. Não poderia cometer a mesma besteira que cometi no primeiro trecho, então fui girando tranqüilo e economizando perna. Este trecho entre o PC3 e o PA, com 47Kms, tem uma altimetria chata visto seus enormes sobes e desces. Lembrava-me do brevet 200 de Holambra que neste trecho havia um motel, próximo ao pedágio antes do PA. Estava cogitando parar no motel ou invés de parar no PA. Assim, além de comer, poderia tomar um banho. Ao passar em frente ao motel, que agora não me lembro o nome, decidi não entrar pois fiquei com medo de acabar abandonando depois de um banho quente. Não estava confortável, estava com as pernas bem cansadas por conta da forçada inicial e me incomodando bastante com os intermináveis sobes e desces. Passei reto. Parar ali seria o fim do brevet.
Ultima descida antes do pedágio próximo ao PA. Chuva! Realmente ate agora não entendi de onde ela apareceu pois chegou sem sinal algum. Simplesmente chegou forte, me lavou da cabeça aos pés sem que houvesse tempo de parar e colocar a capa de chuva. Sei que desci este trecho xingando tudo e todos, bem alto. Quem viu aquela cena deve ter acho que eu estava louco. Passei pelo pedágio e no início da subida do PA a chuva parou. Subi xingando e decidido a abandonar no PA. Molhado daquele jeito, o frio da noite iria acabar comigo.
Entrei no PA, que agora é um Frango Assado (ficou muito bom!) e em uma das mesas estava o Daniel. Logo que o vi, falei que estava abandonando, que estava todo molhado, com as pernas muito cansadas e fraco. Ligaria para o Rogério, para saber se ele já estava em Holambra com a komboza (aquela maravilha da engenharia) para me resgatar no PA. Falei com ele. Naquele horário o Rogério nem tinha saído de São Paulo. Além de fraco, molhado e com as pernas cansadas, estava perdido no tempo…….então ele me falou: “Vai desistir agora, faltando só 80Kms???”. Pois é, 80Kms……
Estava completamente enjoado por contas dos géis e barras que vinha comendo no decorrer do pedal. Nada me apetecia. O que menos me causava enjôo era uma tigela de açaí. Resolvi comer uma enquanto decidia sobre minha desistência. Até que desceu bem e me deu um certo animo. Então, acabei comendo mais 2. Fui ao banheiro, tomar um banho tcheco e me secar. Neste intervalo recebi algumas mensagens de incentivo pelo celular, de minha esposa e filha. Realmente isto teve um efeito maravilhoso em minha cabeça. Sai daquele banheiro um novo cara! Reorganizei as idéias e desistir ficou fora de cogitação. Sai daquele banheiro com peito estufado, cabeça erguida, olhar firme e o vento batendo na face (hehehehehe). Fui até o balcão e pedi para a atendente fazer um suco de açaí bem concentrado e encher minha caramanhola. O Daniel já havia saído. Juntei as coisas, paguei a conta, me vesti e “pau na máquina”!
Sai do PA rápido, determinado a completar o brevet e tentando aproveitar ao máximo a última hora de claridade. Se me lembro bem, eram por volta de 17:20hs. Fui girando bem, sem forçar, aproveitando ao máximo as descidas para descansar a pernas e dar uma folga para as partes baixas. A mais ou menos 10Kms da entrada da SP-147, a noite chegou e a partir daí liguei o farol. Ainda antes de acessar a SP-147, parei em um dos postos de gasolina e comprei 2 potinhos de açaí para garantir, já que era a única coisa que conseguia tomar além de água.
Pouco tempo depois, cheguei ao acesso da SP-147. Neste ponto, faltando 48Kms, já voltava a fazer contas para calcular a previsão de chegada em Holambra, imaginando que este trecho seria mais tranqüilo. Escuridão total. Logo de cara uma subida. Não me lembrava desta subida nos 200. No horizonte apenas conseguia ver os faróis dos carros vindo bem de cima, o que mostrava que o final da subida estava longe. A cada curva via mais faróis vindo de cima. Em determinado trecho da subida sem fim, meio desorientado pela escuridão, pelo forte nevoeiro e com o acostamento estreito, escapei do asfalto e cai na canaleta de drenagem. Ao voltar para o acostamento, acabei dando uma forte batida nas duas rodas. Da roda de trás, ouvi o barulho de um raio quebrando. Da roda da frente passei a ouvir um barulho de pneu vazando. Pronto, começava ai o inferno na terra.
Joguei a bike em um barranco, desmontei o alforje, virei a bike ao contrário a comecei a avaliar os estragos. Roda de trás com um raio quebrado, toda empenada e com a saia para o v-brake arranhada e amassada. Roda da frente menos mal, somente um “snake byte”.
Rapidamente troquei a câmara dianteira. A roda traseira precisava de mais atenção. Soltei o raio quebrado. Ao girar a roda, ela pegava no v-brake. Decidi abrir um pouco o freio até chegar ao PC4 e tentar alinhar um pouco a roda. Nevoeiro total, parecia filme de terror, quando o protagonista entra em um cemitério e os lobos passam a uivar. Olhando para a estrada, era somente possível ver o clarão dos faróis sem que desse pra ver o formato do carro. Pelo menos, encima do barranco eu estava seguro. Bike em condições de pedalar, sai em direção ao PC4.
Chegando ao PC4, decidi primeiro me alimentar. Sentei, estiquei as pernas e comi rapidamente os 2 açais com granola, que ainda estavam meio congelados. Entrei no restaurante, abasteci de água as caramanholas e quando fui pagar a conta, vi algo que me apeteceu! Uma “teta de nega”, aquela maria mole coberta com chocolate. Mandei duas pra dentro. Como no sábado, durante o brevet no PC4 ficaríamos eu e o Daniel, pensei que seria uma boa colocarmos uma caixa desta para os ciclistas. Foi um sucesso, juntamente com o Cup Nuddles.
Voltei para a bike e dei uma leve alinhada na roda, tentando apertar um pouco mais o v-brake. Tudo beleza! Juntei as tralhas no alforje e sai rumo a Holambra, último trecho de 35Kms. A saída do PC4 possui um trecho de descida longo e com isso sofri com o ar gelado e muito úmido da noite. 9Kms depois, já acessava o trevo para pegar a SP-332 que dá acesso a Arthur Nogueira. Trecho tranqüilo. Ao me aproximar do acesso para entrar em Athur Nogueria, TUM! Mais um raio da roda traseira se rompia. Imediatamente a bike ficou pesada com o contato da roda com o v-brake. Desci da bike e fui olhar a roda. Completamente empenada. Não havia o que fazer. Tentar alinhar mais uma vez poderia forçar demais os outros raios e começar a romper um atrás do outro. Retirei o raio quebrado, soltei todo o cabo de aço do v-brake e segui sem o freio traseiro. Faltavam mais ou menos uns 16Kms para a chegada. Cruzei toda a avenida de Arthur Nogueira, contornei o posto BR e parei para uma coca cola bem gelada. Sai rapidamente e acessei a SP-107, último trecho de 13 Kms. Neste momento pensei que caso a roda traseira não agüentasse, poderia ir correndo até Holambra com a bike nas costas, hehehe.
Tudo parecia tranqüilo, ritmo tranqüilo, escuridão total, baixo movimento na estrada. Ouvia somente o barulho da corrente cheia de areia passando no cassete. No último vale da estrada, durante a descida, senti uma pancada seca na roda traseira. Diminui e vi que o pneu estava vazando…. . Ao para a bike, fiquei com uma extrema vontade de encher aquela porcaria de roda traseira de chutes e voadoras…. .
Desmontei a roda e tirei a câmara. Fiz uma inspeção na banda de rodagem do pneu e encontrei um pequeno cavaco de ferro cravado. Removi, peguei uma camara nova e já ia iniciando a montagem. Então resolvi checar o Mr. Tuffy. O Mr. Tuffy não estava nem marcado, o que mostrava que o furo na câmara não foi ocasionado pelo cavaco. Então tirei o Tuffy do pneu e o inspecionando encontrei um pequeno fio de aço, que havia varado o pneu e o Tuffy. Removido o fio, montei a roda rapidamente, enchi aquela porcaria e sai descendo a marreta na última subida do trajeto. Subida longa, com já quase 300Km nas costas….
Ao chegar no final da subida, já podia avistar o moinho da esquina da rua da prefeitura. A sensação deste momento é indescritível . Só quem completa um brevet sabe. Essa sensação de objetivo alcançado é demais. Imediatamente peguei o celular e liguei pra minha esposa. Graças ao incentivo dela e de minha pequenininha não abandonei o brevet no PA.
Passei em frente a prefeitura e fui girando até o Holambra Garden. Cheguei! Total 18:20hs!
Em meu planejamento, tinha previsão de fechar em 17:43hs, calculado com média geral de 17Km/h. Levando-se em consideração todas as quebras, não fiquei muito fora do que havia planejado.
Um pouco mais tarde, fui jantar sozinho em um restaurante próximo ao hotel. Enquanto aguardava meu prato, acabei dormindo sentado na mesa algumas vezes. Em uma das “pescadas”, o pessoal de uma das mesas ao lado caiu na gargalhada. Acordei meio assustado, também achei engraçado, ri com eles e pensei comigo: “O que será que eles fizeram hoje?”
Agora é preparação total para os 400!

8 respostas em “Relato – Brevet 300 (organizadores) – Holambra – 01/06/12 – Fabio Guariglia

  1. Demais seu relato! Sem duvida nenhuma a injeção de animo da esposa e da filhota foram a diferença e só quem tem sabe o que é! Grande abraço

  2. Putz!!! Na sua chegada em Holambra, quando vc comentou que “furou” e “teve raios quebrados” eu tinha imaginado outra coisa… É punk quando as coisas vão acontecento “à prestação” (primeiro raio quebra, pneu fura, depois outro raio quebra e mais uma parada, depois fura novamente…).
    Show de relato! Parabéns pela determinação e força de vontade para concluir os 300km!!!
    Agora vamos aos 400km no início de agosto!!!

  3. Excelente!
    Iniciei no ciclismo há pouco tempo. Minhas pedaladas tem ficado cada vez mais longas. A última foi de 175 km, na pipoca com o pessoal do AUDAX 600 de Rio das Ostras. Estou me preparando para o 200 do Rio de janeiro.
    Esse negócio é um verdadeiro e abençoado vício!!!

  4. Cara, a descrição foi precisa, mas somente quem vive essa situação sabe o sentimento de chegar ao final…comigo foi sofrido pois me perdí e na madrugada não tinha nem gato prá pedir informação! Parabéns, sinceros parabéns!

  5. Cara estou lendo todos os seus relatos vi que você tem mencionado a relação. na mtb qual você usa?

  6. obrigado amigo! Estou indo para os 300 De holambra. Seu texto me passou experiencia e uma bela injeccao de animo! Thanx!

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